segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

domingo, 26 de janeiro de 2014

#50 INTRODUZIONE*, do Concerto para Orquestra de Bartók, Ion Marin

O Concerto para Orquestra (1943) é uma das minhas peças preferidas, de todos os tempos e em todos os géneros. Para além da intensa melancolia e da grande tensão que conjuga, como um estado de prostração com súbitos espasmos nervosos, nunca posso esquecer que Béla Bartók estava no seu exílio norte-americano, com a saúde em baixo (morreria não muito depois) e a Europa em guerra. Este primeiro andamento resume tudo isso

sábado, 25 de janeiro de 2014

#49 ABERTURA (GARE D'AUSTERLITZ), José Mário Branco

de Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades(1971). Valsinha triste com os sons da estação de comboios de Austerlitz, em Paris, cidade de emigrantes portugueses fugidos à pobreza do país, dos desertores da Guerra Colonial, dos exilados políticos perseguidos pelo Estado Novo. Também desertor e exilado político (fora preso pela PIDE em 1962, e preparavam-se para lhe dar o castigo de combater no conflito criminoso de Portugal em África, em entrevista a Adelino Gomes, nesse ano de 1971, dizia José Mário Branco: "Eu, como os 700 mil portugueses que estão aqui em França, nunca abandono a ideia de que Austerlitz se transforme um dia numa estação de regresso ao meu país" (livreto do CD, 1995)


domingo, 19 de janeiro de 2014

#48 QUANTO É DOCE, José Afonso, Canto D'Aqui

Abre Fura Fura (1979), um dos meus discos preferidos.  Todo o lado A é preenchido com a música que José Afonso compôs para a peça «Zé do Telhado», levada à cena pelo grupo A Barraca. A voz de Zeca é particularmente calorosa (a letra é do nosso cancioneiro popular), dando o coro, a cargo dos Trovante, o contraponto vigoroso que o solista não se permite.
Em baixo, versão dos Canto D'Aqui, na Festa do Avante! 2012.









sábado, 18 de janeiro de 2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

#46 WASTED WORDS, The Allman Brothers Band, Gregg Allman

«Wasted Words», de Gregg Allman, aqui já o único brother sobrevivente, a dar a voz. Um prodígio de fusão country, blues e soul, e em que o todo instrumental é relevante (estou a pensar na secção rítmica), pese o destaque das guitarras. O diálogo entre a guitarra e o piano, com intromissão da bateria em fade out, consegue ser esfuziante.De Brothers And Sisters (1973). Em baixo, Gregg Allman em Los Angeles, 40 anos depois





segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

#45 HELLO DOLLY, Louis Armstrong

Armstrong de novo fora (?) do jazz, nesta gravação de 1964 (o meu ano), música que fez sua, não o sendo: ...This is Lewissss, Dolly! O não ser jazz era algo para que ele se estava nas tintas, como o estavam o Duke, o Ray e o King, que, abaixo, o acompanham, num concerto lendário no Madison Square Garden.




domingo, 12 de janeiro de 2014

#44 THAT OLD FEELING* -- Louis Armstrong & Oscar Peterson, Anita O'Day

Standard de 1937, gravado vinte anos depois, no encontro de Louie com Oscar Peterson. Satchmo só canta só como ele sabe, e não recorre à trompete; Oscar, nada torrencial, acompanha com subtileza, até dar o sinal de término, scat de Pops, dedilhar da guitarra de Herb Ellis -- e acabou.
Em baixo, Anita O'Day, também enorme, talvez a maior cantora branca de jazz.




sábado, 11 de janeiro de 2014

#43 SALVE AS FOLHAS, Maria Bethânia (com Ferreira Gullar)

imagem daqui
Um tom de litania, palavras do baiano Ildásio Tavares, música de Gerônimo, a abrir o esplêndido álbum Brasileirinho (2004), um disco que nos transporta para o mais profundo ethos brasileiro, português, índio e africano. Bethânia acompanhada pelos mineiros do Grupo Uakti; pelo meio o maranhense Ferreira Gullar (Prémio Camões) diz -- e que bem! -- um excerto dum poema do paulista Mário de Andrade, o livreto, atravessado por frases de João Guimarães Rosa. Ouvir, reouvir, muitas vezes, como uma prece. 


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

#42 JUST GONE, King Oliver's Creole Jazz Band

Uma das primeiras gravações de Louis Armstrong (Abril de 1923), acabado de chegar de Nova Orleães, chamado por Oliver, em Chicago desde 1918. Ralph J. Gleason transcreve no livreto a evocação de Satchmo: "He sent for me to play second cornet [...] Couldn't nobody get me out of New Orleans but him! I wouldn't take that chance. / I hadn't heard his band till I got back to Chicago. When I heard it at the door I said 'I ain't good enough for this  band, I think I'll go back...'"
Da autoria de Oliver e Bill Johnson, é desopilante e (minutos 1'-1'40") irresistível.

King Oliver (corneta, líder), Louis Armstrong (corneta), Honore Dutrey (trombone), Johnny Dodds (clarinete), Lil Hardin-Armstrong (piano), Bill Johnson (banjo) e Baby Dodds (percussão).

domingo, 5 de janeiro de 2014

#41 ADAGIO SOSTENUTO. PRESTO*, Peter kuhar & Ivan Fercic

...da Sonata #9 (a Kreutzer), de Beethoven.
Se eu tivesse de escolher um único compositor para a ilha deserta, seria este -- o que mais me comove, o que mais admiro, tão tenso (veja-se como Peter Kuhar aborda o violino), tão patética, sublime e terrivelmente humano.
O 1.º andamento é uma das muitas obras-primas que este milagre de humanidade nos legou.
Peter Kuhar (violino) e Ivan Fercic (piano).